Evo Morales renunciou neste domingo (10) ao cargo de presidente da Bolívia, após uma escalada nas tensões no país.
O anúncio foi feito em rede nacional, pela televisão. Morales havia dito, mais cedo neste domingo, que convocaria novas eleições, após a Organização dos Estados Americanos, OEA, divulgar que as eleições de 20 de outubro haviam sido fraudadas.
Pouco antes da renúncia, os chefes das Forças Armadas e da Polícia, além da oposição, haviam pedido que Evo Morales deixassem o cargo para "pacificar" o país.
Nas últimas horas, ao menos três ministros também entregaram seus cargos.
O comandante-chefe das Forças Armadas da Bolívia, o general Williams Kaliman, pediu ao presidente Evo Morales que renuncie.
"Após analisar a situação conflituosa interna, pedimos ao presidente de Estado que renuncie a seu mandato presidencial permitindo a pacificação e a manutenção da estabilidade, pelo bem da nossa Bolívia", disse o general Kaliman à imprensa.
O comandante da Polícia Boliviana, general Vladimir Yuri Calderón, em vídeo, também pediu a renúncia do Presidente Evo Morales.
"Queremos expressar apoio à Bolívia e aos nossos camaradas, que estão mobilizados, que nos somamos ao pedido do povo boliviano de sugerir ao senhor presidente, Evo Morales, que apresente sua renúncia, para pacificar o povo da Bolívia em nesses duros momentos que atravessam nossa nação", disse, em vídeo publicado no Twitter.
O pedido acontece em meio a protestos após a questionada reeleição na votação de 20 de outubro.
Neste domingo, a Organização de Estados Americanos (OEA) apontou irregularidades no pleito, e recomendou a realização de novas eleições.
Pressionado pelos protestos, Evo Morales convocou, também neste domingo, a realização de novas eleições.
"[Decidi] convocar novas eleições nacionais que mediante ao voto permitam ao povo boliviano eleger democraticamente suas novas autoridades, incorporando novos atores políticos", afirmou Morales.
Ele disse também que vai "renovar a totalidade de membros do Tribunal Superior Eleitoral; nas próximas horas a Assembleia Legislativa Plurinacional, em concordância com todas as forças políticas estabelecerá os procedimentos para isso".
"Quero pedir para baixarmos toda a tensão. Todos temos a obrigação de pacificar a Bolívia".
Mais tarde, a uma rádio, o presidente disse que não renunciará. "Tenho um papel constitucional, termino minha administração em 21 de janeiro do próximo ano. Aqueles que insinuam [sobre a renúncia] estão com um golpe de estado", afirmou.
Eleições tumultuadas
O anúncio veio logo depois que a Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou que houve irregularidades na eleição presidencial do dia 20 de outubro, quando Evo foi reeleito em primeiro turno, e recomendou que uma nova votação seja feita.
Argentina
Por outro lado, o jornal argentino Clarín, um dos principais de seu país, afirmou que Evo Morales abandonou a Bolívia tenta viajar para a Argentina no avião presidencial em meio a uma profunda crise política no país. Fontes diplomáticas confirmaram ao jornal argentino que Morales pediu autorização para a aeronave entrar no espaço aéreo argentino.
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